No nordeste brasileiro, quando cava-se no chão até atingir um lençol de água subterrâneo, é comum chamar essa escavação de “cacimba”. É o mesmo que poço artesanal. Pode servir também como cisterna, armazenando água da chuva. Sem levar em consideração se a água vem lá das profundezas, ou da chuva, o meu interesse é o seguinte: como tirar água da cacimba? Pode-se dispor de uma bomba para tirar a água lá do fundo, mas também utilizar-se de uma corda amarrada a uma manivela e um balde, preso na corda. Baixa-se a corda até o fundo do poço, e quando o balde está cheio, a manivela é acionada até que a água chegue à superfície, para matar a sede de quem ansiosamente espera por ela.
Sempre lembro dessa ilustração quando leio este provérbio de Salomão: “Como águas profundas, são os propósitos do coração do homem, mas o homem de inteligência sabe descobri-los” (Provérbios 20.5). O espírito do homem é como essa cacimba e está no centro da vida. De lá deve vir a água para matar a sede e irrigar todo o nosso ser com a vida de Deus e o sentido da vida.
Deus, a nossa fonte, abastece o nosso espírito com a sua própria vida e com o propósito que ele criou para nossa existência. Isso significa o nosso ser ligado à própria eternidade. O que precisamos mesmo é saber descobrir as coisas do coração e, antes disso, por meio de Cristo, reconectar o nosso espírito a Deus.
Deus idealizou uma maneira de nos manter supridos, saciados e realizados. O que ele planejou foi uma conexão entre o Espírito Santo e nosso coração cheio da sua presença. Jesus veio para nos dar um novo coração – um novo espírito – e devolver ao nosso coração as fontes eternas de vida, amor, paz e alegria. O Espírito Santo restaura o ambiente interior impregnado de vida e luz.
Fazendo uma comparação com a cacimba da nossa ilustração, precisamos saber como descer a corda e levar o balde até o fundo, e depois trazer à tona, para nossa alma e para a nossa existência, a água viva. O homem inteligente, como diz o sábio, fará de tudo e da melhor maneira, para ter o poço como o centro das atenções, já que dele vem a vida que nos mantém vivos e com saúde: “Acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele depende toda a sua vida.” (Provérbios 4.23). O homem inteligente saberá proteger a fonte interior, fazer uso da água deste poço – sabendo tira-la das profundezas – e dela fazer bom uso.
A água dessa fonte, que é o nosso coração, é a natureza eterna e imutável do próprio Criador – o Pai. E a corda, o balde, o que vem a ser? Deus nos deu equipamentos diversos para fazer a água viva subir do coração. A música é uma dessas ferramentas que Deus nos deu para tirar água do poço. A música do coração pode ser a corda e o balde para explorar o que há no homem interior. Davi cantou certa vez: “Os teus decretos são o tema da minha canção em minha peregrinação” (Salmos 119.154). O Criador nos deu a sua música como uma ferramenta extraordinária, com a qual podemos extrair, do nosso interior, a vida na sua mais pura essência, cantando a Palavra de Deus.
Paulo ensina em sua carta aos Efésios: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito; Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração.” (Efésios 5.18,19). Salmos, hinos e cânticos espirituais, para tirar água da cacimba, extrair poder e vida do coração, enchendo-se do Espírito Santo.
Manassés Guerra
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